Post by Kaoru on Feb 13, 2009 12:40:02 GMT
"I think I meant it more as an indictment of American life in the 1950s. Because during the Fifties there was a general lust for conformity all over this country, by no means only in the suburbs — a kind of blind, desperate clinging to safety and security at any price, as exemplified politically in the Eisenhower administration and the Joe McCarthy witchhunts. Anyway, a great many Americans were deeply disturbed by all that — felt it to be an outright betrayal of our best and bravest revolutionary spirit — and that was the spirit I tried to embody in the character of April Wheeler. I meant the title to suggest that the revolutionary road of 1776 had come to something very much like a dead end in the Fifties."
- Richard Yates, o autor, sobre o porquê do título da obra.
De certa forma, a citação acima diz muito sobre o mote geral do livro. Todos nós sabemos como a sociedade norte-americana dos anos 50 parece ter estagnado no tempo - e no cérebro -, modelando-se a imagens de anúncios, imagens convenientes que transpareciam ordem, tranquilidade e perfeição. Havia passatempos pré-definidos, carros pré-definidos, estilos de casa pré-definidos e assuntos pré-definidos. Qual era o objectivo de tal desumanização, ainda não consegui perceber. Talvez criar um estilo de vida gerido por normas para gerir uma vida sem grandes ondas, sem grandes surpresas. O problema é que uma desumanização total é sempre um falhanço, e por trás a verdadeira natureza das pessoas acabava por se revelar. Mas a fachada mantinha-se.
E era precisamente contra essa fachada que April Wheeler, uma das personagens principais do livro, tenta lutar durante toda a sua vida de casada. Uma jovem adulta com alguma instabilidade emocional derivada da infância conturbada que teve, que não se conforma com o que lhe é dado e não compreende porque é que se tem que batalhar tanto para se conseguir ter o que sempre se quis. Um dia, conhece Frank Wheeler, um jovem que dizia o que pensava sob a fachada de free thinker , inspirado nas posturas de Sartre, como o próprio diz, e vê nele algo fora do comum, aquela vontade de também lutar contra as conveniências de um estilo de vida pré-fabricado. É com esta mentalidade que se casam e é esta mentalidade que tentam continuar a adoptar mesmo após o nascimento dos dois filhos, mesmo já morando numa casa suburbana e com todos os indícios de se terem tornado naquilo que sempre odiaram.
É também sobre o desencantamento, sobre o desvanecer dos choques ideológicos que caracterizam sempre o início de uma união e que suscita aquela atracção intensa. E sobre o que vem depois. Sobre a luta de não querer aceitar o caminho que a nossa vida estar a tomar. Do não-conformismo, das contradições, das fachadas. E, no final, sem nos apercebermos, estamos imersos na história e a querer algo mais de April Wheeler, entrar na personagem dela, compreendê-la.
Não vou dar pontuações porque acho isso parvo. Mas é uma leitura absorvente e um pouco disturbing no final. Tirem as vossas próprias conclusões.
- Richard Yates, o autor, sobre o porquê do título da obra.
De certa forma, a citação acima diz muito sobre o mote geral do livro. Todos nós sabemos como a sociedade norte-americana dos anos 50 parece ter estagnado no tempo - e no cérebro -, modelando-se a imagens de anúncios, imagens convenientes que transpareciam ordem, tranquilidade e perfeição. Havia passatempos pré-definidos, carros pré-definidos, estilos de casa pré-definidos e assuntos pré-definidos. Qual era o objectivo de tal desumanização, ainda não consegui perceber. Talvez criar um estilo de vida gerido por normas para gerir uma vida sem grandes ondas, sem grandes surpresas. O problema é que uma desumanização total é sempre um falhanço, e por trás a verdadeira natureza das pessoas acabava por se revelar. Mas a fachada mantinha-se.
E era precisamente contra essa fachada que April Wheeler, uma das personagens principais do livro, tenta lutar durante toda a sua vida de casada. Uma jovem adulta com alguma instabilidade emocional derivada da infância conturbada que teve, que não se conforma com o que lhe é dado e não compreende porque é que se tem que batalhar tanto para se conseguir ter o que sempre se quis. Um dia, conhece Frank Wheeler, um jovem que dizia o que pensava sob a fachada de free thinker , inspirado nas posturas de Sartre, como o próprio diz, e vê nele algo fora do comum, aquela vontade de também lutar contra as conveniências de um estilo de vida pré-fabricado. É com esta mentalidade que se casam e é esta mentalidade que tentam continuar a adoptar mesmo após o nascimento dos dois filhos, mesmo já morando numa casa suburbana e com todos os indícios de se terem tornado naquilo que sempre odiaram.
É também sobre o desencantamento, sobre o desvanecer dos choques ideológicos que caracterizam sempre o início de uma união e que suscita aquela atracção intensa. E sobre o que vem depois. Sobre a luta de não querer aceitar o caminho que a nossa vida estar a tomar. Do não-conformismo, das contradições, das fachadas. E, no final, sem nos apercebermos, estamos imersos na história e a querer algo mais de April Wheeler, entrar na personagem dela, compreendê-la.
Não vou dar pontuações porque acho isso parvo. Mas é uma leitura absorvente e um pouco disturbing no final. Tirem as vossas próprias conclusões.